quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

ADORAÇÃO


A Essência da Adoração

 

A Essência da Adoração

 José Aldoir Taborda
Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. João 4:23

Certo dia conheci um jovem que dizia fazer parte do  “Ministério de Adoradores”  de sua igreja, convidando-me para assistir ao culto. Fiquei curioso. O que é isso? O que eles fazem?  Jamais pensei que adoração a Deus fosse o ministério de um grupo especial da igreja, mas sim a atitude normal de cada pessoa que crê em Cristo.

Em que consiste a verdadeira adoração? Como é adorar a Deus em espírito e em verdade?

Iniciou o culto.  O líder do grupo de adoradores convidou a congregação para entoar “cânticos espirituais”, que consistiu de uma série de músicas que estimulavam a contemplação, expressando o desejo do coração em estar na presença de Deus, sentir Seu poder, participar de Sua santidade .

Era algo deveras lindo!  A maioria dos adoradores tinha os olhos fechados, cabeças caídas para trás numa atitude de quem medita nas coisas do céu, as mãos levantadas enquanto balançavam o corpo suavemente para a esquerda e para a direita. De repente alguns se abraçavam com lágrimas nos olhos, segundo a música bem selecionada e o comando do dirigente. Alguns dobravam os seus joelhos, rosto em terra .

A congregação observava o grupo reverentemente, alguns cantando.  O ambiente era agradável, terno, inspirativo, de meditação na glória de Deus, até que de repente o celular de um dos adoradores quebrou o encanto do momento, tocando uma música tipo “marchinha”. O adorador levantou-se rapidamente, as lágrimas cessaram, ele foi para um lado, ali mesmo dentro do templo, onde conversou rapidamente com seu interlocutor, voltando em seguida a integrar o grupo, como se nada tivesse acontecido.

O povo, cansado, começou a sentar-se.  Quando terminou a “adoração”, já haviam se passado sessenta minutos e aí começou uma espécie de ministração, exortando o auditório a tornar-se um verdadeiro adorador, com apelos emocionados .


Pensei que o culto iria terminar quando o pastor da igreja tomou a palavra e começou a saudar os visitantes , esforçando-se ao máximo para parecer animado. Fez anúncios e apresentou o pregador. Convidou o povo para uma oração e pediu paciência a todos os assistentes afirmando que este era o momento principal do culto.

O coitado do pregador abriu a Bíblia diante de um povo cansado. Pediu que levantassem para a leitura bíblica no que foi obedecido de má vontade enquanto muitas pessoas olhavam indiscretamente seus relógios, pois afinal, daqui a pouco precisariam sair para não perderem o ônibus do bairro. Ah,  os adoradores, também cansados, resolveram sair para tomar um pouco de água, ir ao banheiro, e já aproveitaram para ficarem lá na porta, em pé, conversando baixinho para não atrapalhar o pregador...

A pergunta chave é:  houve adoração? Quer me parecer que esse tipo de adoração é um grande equívoco, apesar da beleza plástica e da válida tentativa de induzir o povo a uma contemplação da santidade divina .

Convém, entretanto, considerarmos  algumas coisas que são importantes a respeito da adoração verdadeira. Para isso, antes de tudo devemos diferenciar a adoração do louvor. O louvor é a exaltação a Deus por aquilo que Ele faz, enquanto que a adoração é exaltar a Deus por aquilo que Ele é.

Louvar é o mesmo que elogiar, contar para outros os grandes feitos de Deus, demonstrar sua grandeza e poder, seja através do nosso testemunho falado ou através da música em suas diferentes formas de expressão . Qualquer pessoa pode louvar a Deus, mesmo não sendo convertido.

 A adoração, no entanto configura a entrada na presença de Deus, em contato direto e pessoal .

Então,  a primeira condição do verdadeiro adorador é estar em Cristo, isto é, Cristo vivendo Sua vida em minha vida. O verdadeiro adorador precisa conhecer a Deus e ser conhecido de Deus (Mt 7.21-23) .

 A segunda coisa que precisamos aprender sobre a adoração é que ela não se resume ao momento do culto dominical. A adoração não deve ser uma atitude eventual, programada, mas espontânea e relacional. A pergunta chave do verdadeiro adorador é: “já passei pela presença de Deus hoje”? Embora seja importante ir ao templo para adorar e servir a Deus, a verdadeira adoração não está vinculada ao espaço físico, mas à atitude da mente e coração quando se aproxima de Deus .

 O terceiro aspecto da adoração está simbolicamente relacionado com postura corporal. O adorador é alguém que se curva perante a realeza divina. Ele se aproxima de Deus com o entendimento de que poderá receber uma ordem expressa, portanto deve ter uma disposição mental voluntária para a obediência. Prostrar-se é uma atitude de submissão e humildade, é uma atitude de reverência.

 Um último aspecto que desejo mencionar é o aspecto sacrificial envolvido na adoração. O ato de adorar era de muita reverência, mas também de serviço. O verdadeiro culto a Deus é apresentar os nossos corpos como sacrifício vivo, santo e agradável a Deus. A pessoa que entra na presença de Deus para o Adorar, sai do templo para O servir .

Então,  resumindo, adoração é um ato de reverência ante a santidade e soberania de Deus, é uma relação de intimidade que denota consagração e comunhão, é serviço prestado em obediência absoluta, fruto de nossa entrega incondicional.

O pai continua procurando adoradores, que O adorem em espírito e em verdade. 

Texto publicado em 3 de janeiro na Revista Protestante Digital
Crédito para a ilustração à www.protestantedigital.com

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