quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

HOMEM DE DEUS?



PASTOR,

VOCÊ É UM HOMEM DE DEUS?

“Assim, pois, importa que os homens nos considerem como ministros de Cristo e despenseiros dos mistérios de Deus”. (1Co 4.1)

“Pastor, você é um homem de Deus?”

Esta pergunta foi ouvida por um pastor quando este chegara ao hospital para visitar uma senhora enferma, a pedido de um membro da igreja onde pastoreava. Na verdade, a mulher sabia que aquele homem era um pastor, porém sua pergunta era mais profunda e por isso precisamos refletir sobre ela ainda hoje. As pessoas não estão muito preocupadas em saber se você é um pastor, um mestre de teologia ou um doutor, mas precisam estar absolutamente seguras de que aquele que lhes fala desde o púlpito, é um verdadeiro homem de Deus.

        Minha conversão ao evangelho ocorreu em 1972, quando participava de um culto numa pequena igreja de língua alemã, no interior do Rio Grande do Sul. A mensagem fora toda em alemão e eu não entendia nada do que o pregador falava, mas o Espírito Santo operou de forma tão poderosa em minha vida que de repente me encontrei de joelhos diante do altar em lágrimas, desejando uma nova vida. Descobri o quanto era pecador e queria ter meus pecados perdoados, meu coração limpo pela Palavra de Deus.

         Foi muito emocionante essa experiência com Deus, mas ainda não era uma rendição total. Deus me chamava para ser um pregador, mas meu coração estava endurecido para Sua voz. No entanto, em 1976, numa convenção da CIBI realizada em Brasília-DF, o Senhor atuou extraordinariamente em mim, acabando com toda a resistência. Desta vez meus joelhos se dobraram numa entrega total ao meu salvador e senhor. Imediatamente cancelei a matrícula na faculdade, pedi demissão da empresa que trabalhava, e comecei a preparação para ingressar no seminário com o fim de ter preparação teológica.

        Por essa minha atitude muitas pessoas me chamaram de louco, outros de inconsequente, e alguns brincavam dizendo que fui enganado por uma cigana. e por isso alguns me chamaram de louco, outros de inconsequente. Todavia, o que me importava era que meu coração transbordava de paz e se deixou inundar de amor pelos perdidos.  

 Lembro-me que no dia três de março de 1977 sentei-me emocionado no primeiro banco da capela do seminário para assistir a aula inaugural, cheio de emoção.

        “Vocês são bem vindos a esta «Casa de Profetas»”, disse o diretor. Meu peito ardeu ao impacto destas palavras, embora não compreendesse ainda seu real significado.
        Iniciei na biblioteca minhas atividades de estudante. Eu queria saber o que significa ser um profeta do altíssimo, e descobri algo maravilhoso, que produziu em mim um impacto tremendo e grande responsabilidade. A função do profeta é declarar aos homens a Palavra de Deus (Dt 18.15-19), isto é, ele não pode aparecer diante dos homens sem ter passado antes pela presença de Deus (1Rs 17.1; 18.15). é nisso que reside sua autoridade para declarar “Assim diz o Senhor”. Meu pastor havia me ensinado alguma coisa sobre homilética, a “arte de pregar”, mas, naquele momento, compreendi que a responsabilidade do pregador vai além da atividade de enunciar um sermão bem elaborado.

Tornei-me um pregador! Esta gloriosa tarefa enche meu coração de profundo temor de Deus e responsabilidade com Sua Palavra. Deste o tempo de minha preparação ministerial e dentro destes 30 anos de ministério minha vida e mensagem foram profundamente abaladas e motivadas pelo texto de Ezequiel 2.1-7, que pode ser reduzido na seguinte frase: “Filho do homem, tu lhes dirás as minhas palavras, e eles, quer ouçam, quer deixem de ouvir, hão de saber que esteve no meio deles um profeta”.

Escrevi um livro com este título no desejo de oferecer a novos pregadores orientação simples e prática para que possam preparar suas mensagens tendo a Bíblia com único e insubstituível manual.

       Dói meu coração observar os rumos da pregação na atualidade. O púlpito tem sido maculado, algumas vezes por uma pregação vazia, carente de fundamentação bíblica, e outras vezes por pregadores que, apesar de certo conhecimento bíblico, desconhecem as principais regras da homilética e acabam por isso perdendo a atenção do auditório, quer pela falta de uma adequada organização do sermão como pela falta de criatividade ou eloquência, e, outras vezes, o que é pior, por homens que torcem o sentido das escrituras para satisfazerem seus próprios interesses.

         É muito grande a responsabilidade daquele que se apresenta para pregar a palavra de Deus, por que na sua tarefa ele desenvolve pelo menos três funções muito importantes:

A primeira função é A função profética, que é declarar aos homens, custe o que custar, a Palavra de Deus (Ez 2.1-7; Dt 18.18-20). Muitas vezes os profetas deviam ser inflexiveis com o pecado e isso nem sempre é agradável. Assim como os profetas muitas vezes foram perseguidos por causa de sua mensagem um pregador deve estar disposto a arcar com as consequências de sua mensagem e não pode vacilar.

A outra função do pregador do evangelho é a função pastoral. Há uma singular compatibilidade entre mensagem e vida, e o pregador deverá praticar na congregação sua mensagem, alimentando as ovelhas, indo atrás da desgarrada, mostrando amor e responsabilidade.

Por último, o pregador tem também uma função sacerdotal. O sacerdote tem a missão de abençoar (Nm 6.23,27), interceder diante de Deus e oferecer os sacrifícios pelo pecado do povo (Nm 18.1,5,7). Além disso, de acordo com o Velho Testamento, ele é aquele que toma conta do tabernáculo, tendo o cuidado de acender e conservar acesas as lâmpadas do santuário (Ex 27.20,21; Lv 24.3,4); e manter sempre aceso o fogo do altar (Lv 6.12,13).

Esta é uma analogia muito preciosa daquilo que se espera de um ministro do evangelho. A igreja do século XXI precisa verdadeiros homens de Deus, pessoas que como os profetas denunciem os problemas das comunidades; como os sacerdotes ministrem ao coração do homem e façam intercessão por seus pecados e como pastores dispensem o cuidado e orientação necessários para uma vida completa. A igreja transformadora deve fazer a vontade de Deus e os pastores são os responsáveis para que ela cumpra sua missão.

Muitos falsos mestres surgem hoje trazendo um evangelho utilitário, falando apenas as coisas que o povo quer ouvir, mas ouça o recado de Paulo dado ao seu filho Timóteo, capítulo dois:
“Tu porém, permanece naqulo que aprendeste e de que foste inteirado, sabendo de quem o aprendeste (3.14); prega a palavra, insta, quer seja oportuno quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina, pois haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina, pelo contrário, cercar-se-ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos” (4.2,3).

José Aldoir Taborda