ELA VENCEU
EM ÚLTIMO LUGAR!
1984, Olimpíadas de Los Angeles!
Sob um sol escaldante, trinta e sete mulheres saíram para a primeira maratona feminina de 42 km. Não tenho a mínima idéia de quem chegou em primeiro lugar, mas jamais saiu de minha memória a cena da suiça Gabriele Andersen chegando... em último lugar.
Ainda a vejo, com as pernas bambas, lutando para cruzar a linha de chegada. Não havia motivo algum para que ela continuasse, mas, apesar de estar sofrendo, esgotada, cansada, sem orientação, aquele farrapo humano continuava a desfilar cambaleante pela pista, incapaz de desistir, incapaz de se render.
Conseguiria cruzar a linha de chegada? Faltavam apenas alguns passos e a angústia tomou conta de todo o estádio. A multidão ficou em pé, e eu também, mesmo que estivesse diante de um televisor, em grande expectativa.
Gabriele estava ali, corpo transfigurado pela dor, tendo, entretanto, o olhar fixo no seu objetivo: cruzar a linha de chegada! . Parecia que iria desmaiar a qualquer momento, mas depois de sete intermináveis minutos ela recebeu finalmente a bandeirada de chegada sendo amparada pelos fiscais. A multidão, inclusive eu, aplaudia freneticamente aquele feito heróico.
Lembro que naquele dia eu também me sentia um vencedor, tal a emoção que o feito provocou. Não lembro das vencedoras, mas jamais saiu de minha mente a imagem daquela mulher que cambaleante e enfraquecida recebeu a maior honra de toda a Olimpíada e conseguiu colocar uma multidão em pé.
O fato é que, neste dia, o conceito de vitória se tornou um pouco abstrato e relativo. Gabriele Andersen consagrou a frase de Edwin L. Cole: “Verdadeiros campeões não são os que chegam em primeiro lugar, são aqueles que nunca desistem”.
Veja no youtube a reportagem do Esporte Espetacular este momento emocionante, para entender melhor esse acontecimento.
Na vida cristã é também assim. Muitos dos primeiros serão últimos, e muitos dos últimos, serão primeiros. Haverá uma multidão de irmãos esperando sua chegada, aplaudindo sua perseverança em meio às grandes dificuldades da vida.
A Bíblia ensina que na carreira da vida cristã, todos são vencedores. Custei a entender isso. Como podemos ser todos vencedores? Podemos porque nossa corrida não é contra pessoas, não corremos para sermos melhores que nossos irmãos, não é uma competição em que nos alegraremos com os que ficam para trás. Nossa corrida é para vencer as astutas ciladas do diabo; corremos contra o deus deste século, para vencer o pecado que tão de perto nos assedia (Hb 12.1), e temos uma grande nuvem de testemunhas a observar se cumpriremos o mandamento de sermos perseverantes.
Não é preciso ser melhor que seus irmãos para ser vencedor. É preciso vencer, chegar ao final, mesmo que cheguemos mancos ou aleijados (Mc 9.47), pois há alegria e gozo no céu por cada pecador que se arrepende.
Na vida cristã, tenha os olhos fitos na linha de chegada. Corra segundo as normas para não ser desclassificado, e, embora sejas ferido, magoado, enfraquecido, jamais desista de receber o premio de vencedor.
Pr. José Aldoir Taborda